quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Capítulo LXXV - O desespero


"Escapei ao agregado, escapei a minha mãe não indo ao quarto dela, mas não escapei a mim mesmo. Corri ao meu quarto, e entrei atrás de mim. Eu falava-me, eu perseguia-me, eu atirava-me à cama, e rolava comigo, e chorava, e abafava os soluços com a ponta do lençol. Jurei não ir ver Capitu aquela tarde, nem nunca mais, e fazer-me padre de uma vez. Via-me já ordenado, diante dela, que choraria de arrependimento e me pediria perdão, mas eu, frio e sereno, não teria mais que desprezo, muito desprezo; voltava-lhe as costas. Chamava-lhe perversa. Duas vezes dei por mim mordendo os dentes, como se a tivesse entre eles."


Dom Casmurro, Machado de Assis

4 comentários:

  1. Nossa, Dom Casmurro é um dos mais bem escritos romances brasileiros. Olha só o estado do Bentinho! Ele nunca bateu muito bem da cabeça, heheh

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  2. "Duas vezes dei por mim mordendo os dentes, como se a tivesse entre eles"
    Sou doida com essa frase!!

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  3. Eu também alucino com essa frase Gabi... Machadão é perfeito!

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