terça-feira, 30 de abril de 2013

Despedida...


“— Em certas coisas, Teresa; você é igualzinha a ele, olho para você e vejo Emiliano. Na convivência foi ficando parecida: a lealdade, o orgulho, sei lá o que. . .
Ficou um instante calado, logo prosseguiu:
— Eu quis vir vê-lo agora, me despedir enquanto ele está em sua companhia, não quero estar  presente quando chegar a gente dele. Por sua causa, Tereza, ele veio para Estância, para junto de nós e nos deu um pouco de seu tempo tão ocupado e nos transmitiu seu amor à vida. Quando ele chegou, eu já estava entregue à velhice, à espera da morte, ele me levantou de novo. Quero me despedir dele
a seu lado, os outros não conheço e não quero conhecer.
Novamente o silêncio, o morto de olhos abertos. Mestre João continuou:
— Nunca tive irmãos, Tereza, mas Emiliano foi para mim mais do que um irmão. Só não perdi tudo que meu pai deixou porque ele se ocupou de meus negócios. Mesmo assim, nunca abriu a boca para uma confidência. Ainda agora eu estava dizendo a Amarílio: o orgulho e a generosidade, o rebenque e a rosa. Vim para ver Emiliano e para lhe ver, Tereza.”

Jorge Amado – Tereza Batista cansada de guerra

sexta-feira, 26 de abril de 2013

CÁLIDAS NOITES


       
     "Nas cálidas noites de Estância de amena viração, brisa dos rios, no céu de estrelas sem contar a lua desmedida sobre as árvores, ficavam no jardim a bebericar, ela e o doutor. Ele nas fortes aguardentes, na genebra, no vodca, no conhaque, ela no vinho do Porto ou no Cointreau. Favo-de-mel, Tereza, teus doces lábios. Ai, meu senhor, seu beijo queima, chama de conhaque, brasa de genebra. Nessas horas a distância a separá-los se tornava mínima até desaparecer na cama por completo. Na cama ou ali mesmo no balanço da rede à viração, sob as estrelas. Árdegos partiam para alcançar a lua."
Tereza Batista cansada de guerra
Jorge Amado

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Imagine, meu velho, essa gente com saúde e sabendo ler, que perigo medonho!


"Cega, vazios os buracos dos olhos, os gadanhos pingando pus, feita de chaga e fedentina, a bexiga negra desembarcou em Buquim de um trem cargueiro da Leste Brasileira, vindo das margens do rio São Francisco, entre suas múltiplas moradas uma das preferidas: naquelas barrancas as pestes celebram tratos e acordos, reunidas em conferências e congressos — o tifo acompanhado da fúnebre família das febres tifóides e dos paratifos, a malária, a lepra milenária e cada vez mais jovem, a doença de Chagas, a febre amarela, a disenteria especialista em matar crianças, a velha bubônica ainda na brecha, a tísica, febres diversas e o analfabetismo, pai e patriarca. Ali, nas margens do São Francisco, em sertão de cinco Estados, as epidemias possuem aliados poderosos e naturais: os donos da terra, os coronéis, os delegados de polícia, os comandantes dos destacamentos da força pública, os chefetes, os mandatários, os politiqueiros, enfim o soberano governo. 
Contam-se nos dedos os aliados do povo: Bom Jesus da Lapa, alguns beatos e uma parte do clero, uns poucos médicos e enfermeiros, professorinhas mal pagas, tropa minúscula contra o numeroso exército dos interessados na vigência da peste.
Se não fossem a bexiga, o tifo, a malária, o analfabetismo, a lepra, a doença de Chagas, a xistossomose, outras tantas meritórias pragas soltas no campo, como manter e ampliar os limites das fazendas do tamanho de países, como cultivar o medo, impor o respeito e explorar o povo devidamente? Sem a disenteria, o crupe, o tétano, a fome propriamente dita, já se imaginou o mundo de crianças a crescer, a virar adultos, alugados, trabalhadores, meeiros, imensos batalhões de cangaceiros — não esses ralos bandos de jagunços se acabando nas estradas ao som das buzinas dos caminhões — a tomar as terras e a dividi-las? Pestes necessárias e beneméritas, sem elas seria impossível a indústria das secas, tão rendosa; sem elas, como manter a sociedade constituída e conter o povo, de todas as pragas a pior? Imagine, meu velho, essa gente com saúde e sabendo ler, que perigo medonho!"

ABC da peleja de Tereza Batista e a bexiga negra 
Tereza Batista cansada de guerra 
Jorge Amado

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Os olhos, presos aos olhos celestes do anjo, umedeceram-se


  
    "Não trocaram uma única palavra. Ele a prendeu nos braços, encostando a face cálida na fria face de Tereza; o hálito do moço era perfume, perfume de tontear. Nos cabelos, na pele, nas mãos, na boca semi-aberta. O capitão fede a suor ardido, bafo de cachaça — homem macho não usa cheiro. Sem dela se afastar, Daniel levou as duas mãos ao rosto de Tereza, emoldurando-o nos dedos, e a fitá-la nos olhos veio com a boca semi-aberta e tomou de sua boca. Por que Tereza não desvia a cabeça se tem horror a beijos, nojo da boca do capitão sobre a sua, a sugar, a morder? Maior que o nojo era o medo. O moço, porém, não lhe faz medo; então, por que consente, não vira a cara, não o manda embora?
    A boca de Dan, os lábios, a língua, longa, suave carícia, a boca de Tereza foi se entregando. De repente, dentro de seu peito alguma coisa explodiu e os olhos, presos aos olhos celestes do anjo, umedeceram-se — pode-se chorar por outros motivos que não sejam dor de pancada, ódio impotente, medo incontido? Além dessas, existem outras coisas na vida? Não saberia dizer, só tinha comido da banda podre; peste, fome e guerra, a vida de Tereza Batista."

Tereza Batista cansada de guerra 
Jorge Amado

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Medo nos olhos de Tereza, curso de completo de medo e respeito...


“Antes, porém, tentou fugir pela segunda vez. Descobriu ter sido suspensa a vigilância do cabra no corredor durante as idas e vindas de Guga. Na certa, o capitão, ao fim de dois meses de intenso tratamento, considerava-a suficientemente dobrada, submissa à sua vontade.
Constatada a ausência do capanga, Tereza outra vez investiu, metida na camisola de Dóris, ligeira como um bicho do mato. Não foi longe: aos gritos de Guga acorreram o capitão e dois cabras, cercaram-na nas aforas da casa, trouxeram-na de volta. Dessa vez o capitão mandou amarrá-la com cordas; fardo sem movimentos, de novo atirada no quarto.
Meia hora depois, Justiniano Duarte da Rosa apareceu à porta, riu seu riso curto, sentença fatal. Trazia na mão um ferro de engomar cheio de brasas. Levantou-o à altura da boca, soprou por detrás, voaram faíscas pelo bico, brilharam lá dentro os carvões acendidos. Passou o dedo na língua, depois no fundo do ferro, o cuspo chiou.
Arregalaram-se os olhos de Tereza, o coração encolheu e então a coragem lhe faltou, soube a cor e o gosto do medo. Tremeu-lhe a voz e mentiu:
— Juro que não ia fugir, só queria tomar banho, tou grossa de sujo.
Apanhara sem pedir piedade, calada, apenas o choro e os gritos; não rogara pragas, não xingara, enquanto tinha forças reagia e não se entregava. Chorou e consentiu, é certo; jamais, porém, implorara perdão. Agora, acabou-se:
— Não me queime, não faça isso, pelo amor de Deus. Nunca mais vou fugir, peço perdão; faço tudo que quiser, peço perdão. Pelo amor de sua Mãe, não faça isso, me perdoe, ai, me perdoe!
Sorriu o capitão ao constatar o medo nos olhos, na voz de Tereza; finalmente! Tudo no mundo tem o seu tempo e o seu preço.
A menina estava atada de cordas, deitada de barriga para cima. Justiniano Duarte da Rosa sentou-se no colchão diante das plantas nuas dos pés de Tereza. Aplicou o ferro de engomar primeiro num pé, depois no outro. O cheiro de carne queimada, o chiado da pele, os uivos e o silêncio de morte.
Depois de fazê-lo, o capitão a desamarrou; já não eram necessárias cordas e vigilância, cabra no corredor, fechadura na porta. Curso completo de medo e respeito, Tereza por fim obediente.Chupa, ela chupou. Depressa, de quatro e de costas. Depressa se pôs. Sozinha no mundo e com medo, Tereza Batista, argola no colar do capitão.”

Tereza Batista cansada de guerra
Jorge Amado

sábado, 13 de abril de 2013

Estátua de pedra

"Estátua de pedra na ponte de velhas tábuas roídas pelo tempo. Tereza Batista ali permanece fincada, um punhal cravado no peito. A noite a envolve e penetra de trevas e vazio, de saudade e ausência, ai meu amor, mar e rio."
Tereza Batista cansada de guerra
Jorge Amado

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Assim te quero e vou ter...

(imagem retirada do google)
           
  "Ai, suspirou Tereza. Nas areias rolaram, as ondas molhavam seus pés, a aurora nascia da cor de Januário. Finalmente Tereza descobrira de onde provinha o aroma a perfumar o peito do gigante, não era senão a fragrância do mar. Tinha cheiro e gosto de mar.
  Por que não me queres? perguntara Tereza quando saíram de mãos dadas, correndo na praia para se afastarem do carro onde o chofer se rendera num ronco triunfal.
   Porque te quero e desejo, desde o instante primeiro em que te vi desatada em fúria, ali mesmo tombei vencido de amor; por isso me afasto e fujo, prendo minhas mãos, tranco a boca e afogo o coração. Porque te quero para a vida e não por um momento — ah! se pudesse te levar comigo, para casa nossa, no dedo te colocar anel de aliança, te levar de vez e para sempre! Ah! mas não pode ser.
   E por que não pode ser, mestre Januário Gereba? Com aliança ou sem aliança não me importa; em casa nossa e para todo sempre, isso sim. De mim sou livre, nada me prende e não desejo outra coisa.
   Eu não sou livre, Teta, carrego grilhetas nos pés; é minha mulher e dela não posso me separar, padece de doença cruel; eu a tirei da casa do pai onde tinha de um tudo e um noivo comerciante; sempre direita comigo, passou necessidades sem reclamar, trabalhando e sorrindo, sorrindo mesmo se a gente não tinha nem pra comer. Se pude comprar o saveiro foi porque ela ganhou para a entrada gastando a saúde na máquina de costura, dia e noite, noite e dia. Toda vida delicada, ficou fraca do peito, queria um filho não teve — nunca saiu de sua boca uma palavra de queixa. O que ganho com o saveiro vai na farmácia e no médico para prolongar a doença, não chega para acabar, não tem dinheiro que chegue. Quando tirei ela de casa, eu não passava de um vagabundo do cais, sem eira nem beira e sem juízo. A que eu amei e quis, a que roubei da família, das patacas do noivo, era sadia, alegre e bonita; hoje é doente, triste e feia mas tudo que ela tem sou eu, nada mais, mais ninguém, não vou largá-la na rua, no alvéu. Não te quero para .um dia, para uma noite de cama, para um suspiro de amor — para sempre te quero e não posso. Não posso tomar compromisso, carrego grilhetas nos pés, algemas nas mãos. Por isso jamais te toquei nem te disse amor de minha vida. Só que não tive coragem de fugir de uma vez, de não voltar, querendo guardar para sempre no fundo dos olhos tua face muçurumim, tua cor de malê, o peso de tua mão, tua altura de junco, a memória de tuas ancas. Para de tua lembrança me alimentar na solidão das noites de travessia, para olhar para o mar e nele te ver.
    Tu é direito, Januário Gereba, falou como um homem deve falar. Janu, meu Janu de grilhetas, que pena não possa ser de uma vez para sempre, em casa nossa e até a morte. Mas, se não pode ser para sempre, que seja por um dia somente, uma hora, um minuto! Um dia, dois dias, menos de uma semana, para mim esse dia, esses dois dias, essa curta semana tem o tamanho da vida multiplicado pelos segundos, pelas horas, pelos dias de amor, mesmo que depois eu me dane de saudade, de desejo, de solidão, e sonhe contigo todas as noites na danação do impossível. Mesmo assim paga a pena — eu te quero agora, agorinha, já, imediatamente, nesse mesmo instante, sem demora, sem mais tardança. Agora e amanhã e depois de amanhã, no domingo, na segunda e na terça, de madrugada, de tarde e de noite, na hora que for, na cama mais próxima, de paina, de barriguda, de terra, de areia, no madeirame do barco, na beira do mar, onde quer que seja e se possa nos braços um do outro desmaiar. Mesmo para depois maldita sofrer, ainda assim te quero e vou ter, Januário Gereba, mestre de saveiro, gigante, urubu-rei, marujo, baiano mais fatal e sem jeito."


Tereza Batista cansada de guerra - Jorge Amado

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Difícil é esquecer...



 "... Voltar para casa, é tudo quanto lhe resta fazer: tratar de esquecer, cobrir de cinza a brasa acesa, apagando-lhes as labaredas enquanto é tempo. Insensato coração! Exatamente quando ela se encontra em paz consigo mesma, tranquila e alheia, disposta a colocar a vida nos eixos, apta para fazê-lo pois nada a perturba, o indócil coração dispara apaixonado. Gostar é fácil, acontece quando menos se espera, um olhar, uma palavra, um gesto e o fogo lavra queimando peito e boca; difícil é esquecer, a saudade consome o vivente; amor não é espinho que se arranca, tumor que se rasga, é dor rebelde e pertinaz, matando por dentro..." 
Teresa Batista cansada de guerra de Jorge Amado

Adentrando o romance Teresa Batista cansada de Guerra


     "Já que pergunta com tanta delicadeza, eu lhe digo, seu moço: desgraça só carece começar. Começou não quem a segure, se alastra, se desenvolve, produto barato de vasto consumo. Alegria, ao contrário, meu liga, é planta sestrosa, de manhã difícil, de sombra pequena, de pouco durar, não se dando bem nem ao sol, nem à chuva, nem ao vento geral, exigindo trato diário e terreno adubado, nem seco nem húmido, cultivo caro, para gente rica, montada em dinheiro. Alegria se conserva em champanhe: cachaça só consola desgraça, quando consola. Desgraça é pé de pau resistente: muda enfiada no chão não demanda cuidado, cresce sozinha, frondosa, em todo caminho se encontra. Em terreno de pobre, compadre, desgraça dá de abastança, não se vê outra planta. Se o cujo não tem a pele curtida e o lombo calejado, calos por fora e por dentro, não adianta se pegar com os encantados, não há ebó que dê jeito. Lhe digo mais uma coisa, meu chapa, e não é para me gabar nem para louvar a força dos pés rapados, mas por ser a pura verdade: só mesmo o povo pobre possui raça e peito para arcar com tanta desgraça e seguir vivendo. Tendo dito e não sendo contestado, agora pergunto eu: que lhe interessa, seu mano, saber das mal-aventuras de Tereza Batista? Por acaso pode remediar acontecidos passados? 
    Tereza carregou fardo penoso, poucos machos aguentariam com o peso; ela aguentou e foi em frente, ninguém a viu se queixar, pedindo piedade; se houve quem – rara vez – a ajudasse, assim agiu por dever de amizade, jamais por frouxidão da moça atrevida; onde estivesse afugentava a tristeza. Da desgraça fez pouco caso, meu irmão, para Tereza só a alegria tinha valor. Quer saber se Tereza era de ferro, de aço blindado o coração? Pela cor formosa da pele, era de cobre, não de ferro; o coração de manteiga, melhor dizendo, de mel; o doutor, dono da usina – e quem melhor a conheceu? – dois nomes lhe oferecera, por nenhum outro a solicitando; Tereza Mel de Engenho e Tereza Favo de Mel., Foi toda a herança que lhe deixou. 
    Na vida de Tereza a desgraça floresceu cedo, seu mano, e eu queria saber quantas valentes resistiriam ao que ela passou e sobreviveu em casa do capitão.  
    Que capitão? Pois o capitão Justo, ou seja o finado Justiniano Duarte da Rosa. Capitão de que arma? As armas dele eram a taça de couro cru, o punha, a pistola alemã, a chicana, a ruindade; patente de rico, de dono de terra; não tão rico nem de tanta terra que desse para dragonas de coronel, embora bastante para não permanecer reles paisano, para por divisas no nome. Terras de coronel – léguas e léguas de campo, de verde canavial – possuía Emiliano, o mais velho dos Guedes, o dono da usina; no entanto doutor formado, com anel e canudo, se bem não exercesse, não queria outro título. São os tempos modernos, cunhado, mas não se apoquente: mudam os títulos – coronel é doutor, capataz é gerente, fazenda é empresa – o resto não muda, riqueza é riqueza, pobreza é pobreza, com fartum de desgraça. 
    Posso lhe afiançar, irmãozinho: para começo de vida o de Tereza Batista foi começo e tanto; as penas que em menina penou bem poucos no inferno penaram; órfã de pai e mãe, sozinha no mundo – sozinha contra Deus e o Diabo, dela nem mesmo Deus teve lástima. Pois a danada da menina assim sozinha atravessou o pior mau pedaço, o mais ruim dos ruins e saiu sã e salva do outro lado, um riso na boca. Um riso na boca em verdade não sei, digo de ouvir dizer. Se o prezado quiser devassar os particulares do caso, dos começos de Tereza Batista, embarque no trem da Leste Brasileira para as bandas do sertão, por lá sucedeu, quem assistiu que lhe conte com todos os ipicilones.
    Difícil para Tereza Batista foi aprender a chorar, pois nasceu para rir e alegre viver. Não quiseram deixar, mas ela teimou, teimosa que nem um jegue essa tal de Tereza Batista. Mal comparando, seu moço, pois de jegue não tinha nada afora da teimosia; nem mulher macho, nem paraíba, nem boca suja – ai, boca mais linda e perfumosa! – nem jararaca, nem desordeira, nem puxa-briga; se alguém assim lhe informou, ou quis lhe enganar ou não conheceu Tereza Batista. Tirana só em tratos de amor; como já disse e reafirmo, nasceu para amar e no amor era estrita. Por que então a chamaram de Tereza Boa de Briga? Pois, meu compadre, exactamente por ser boa de briga, igual a ela não houve em valentia e altivez, nem coração tão de mel. Tinha aversão a badernas, nuca promoveu arruaças, mas, de certo pelo sucedido em menina, não tolera ver homem bater em mulher."

Capítulo 1 da primeira parte de Teresa Batista cansada de guerra de Jorge Amado