terça-feira, 30 de abril de 2013

Despedida...


“— Em certas coisas, Teresa; você é igualzinha a ele, olho para você e vejo Emiliano. Na convivência foi ficando parecida: a lealdade, o orgulho, sei lá o que. . .
Ficou um instante calado, logo prosseguiu:
— Eu quis vir vê-lo agora, me despedir enquanto ele está em sua companhia, não quero estar  presente quando chegar a gente dele. Por sua causa, Tereza, ele veio para Estância, para junto de nós e nos deu um pouco de seu tempo tão ocupado e nos transmitiu seu amor à vida. Quando ele chegou, eu já estava entregue à velhice, à espera da morte, ele me levantou de novo. Quero me despedir dele
a seu lado, os outros não conheço e não quero conhecer.
Novamente o silêncio, o morto de olhos abertos. Mestre João continuou:
— Nunca tive irmãos, Tereza, mas Emiliano foi para mim mais do que um irmão. Só não perdi tudo que meu pai deixou porque ele se ocupou de meus negócios. Mesmo assim, nunca abriu a boca para uma confidência. Ainda agora eu estava dizendo a Amarílio: o orgulho e a generosidade, o rebenque e a rosa. Vim para ver Emiliano e para lhe ver, Tereza.”

Jorge Amado – Tereza Batista cansada de guerra

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