quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sta viator...amabilem conjugem calcas¹

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¹Pare, viajante, debaixo de seus pés, jaz uma esposa amável.



Me deparei com as primeiras páginas deste livro, observando bem seu peso mediano em minhas mãos e me inquietava com uma pergunta incessante - o que fazia de Madame Bovary uma das mulheres mais memoráveis da literatura francesa, quiçá, mundial.

Confesso ainda que as linhas iniciais não me impressionaram muito, e só depois entendi que tudo era intensamente intencional. O tédio dos primeiros capítulos refletiam a alma insossa de Charles - homem insólito, o único a amar o ser ao invés do sentimento.

Mesmo com as minuciosas descrições, das quais não pude fixar muitas em minha mente, pude perceber a essência dos arredores de Rouen e de Younville, e também das personagens, tão complexas e verdadeiramente humanas como podem ser.

Emma é, ainda, um capítulo a parte. Ela me usurpou os olhos e passei a enxergar o universo como Madame Bovary, e perceber que em cada mulher moram vestígios de Emma. Mulher falha, impulsiva, intensa, entrega-se pelo amor ao amor. Entedia-se com seus casos, ama-os profundamente, um verdadeiro poço de lascívia, uma inconstância verossímil. Falar de Emma é complexo. Faltam palavras, expressões, sobram lacunas. Idéias. Sugestões.
Difícil precisar o comportamento de Emma, que parece desenvolver tantos traços enquanto tenta escrever a própria história...

Incrível como parece tentar amadurecer o amor, a felicidade, e buscá-la em diferentes meios. Uma mulher que, bem antes do século XX, flerta, seduz e age muitas vezes com temperamentos masculinos. Com a exceção de uma peculiaridade: em perigo, mostra-se frágil, deseja proteção e jura paixões como uma heroína romântica.

Tal qual a mocinha, Bovary enche os olhares dos homens, seduzidos por sua tez pálida e jovial, desperta toda a sorte de sentimentos - um morre de amores; outros, de culpa; outros, deixam as juras de paixão morrer. Emma cai em perdição pela luxúria, pela ambição e termina como uma santa mulher. Assim mesmo, santa mulher. Em sua lápide, enaltecem sua candura de esposa amável, mas as memórias que restam são reais - de alguém que mentiu, omitiu, traiu, negou, se entregou e viveu, como uma verdadeira mulher.

7 comentários:

  1. Antes de mais nada: Só a Dani mesmo! iuahaiuahiau

    Eu que só li 1/4 do livro tenho a mesma impressão... nada é por acaso... até o fato de vc não lembrar das milhares de descrições minuciosas, talvez seja pq elas não importem... são milhares de cacos de uma vida vazia, de uma rotina massante... como se Emma passasse os olhos diariamente por aqueles objetos (e pessoas acabam se tornando quase objetos de decoração, heranças de vidas)... teve tempo de notá-los em seus detalhes...

    Muito, muito bom, Dani! Se agora já está assim, imagina como será sábado!!! =D Não vejo a hora!

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  2. Só a Dani mesmo! [2]
    hahahahahha
    Essa menina é caprichosa demais, gente! Tudo o que ela pega pra fazer, faz impecável!

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  3. Vocês são lindas!
    Que bom que gostaram, gente! =)

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  4. Li este livro muitas vezes,sempre para apanhar detalhes que as vezes passavam despercebidos em uma primeira leitura.
    A parte onde ela conheceu Rodolfo,até o momento em que ele foge num Tilburi,li todos os dias
    Durante quase um ano de minha vida.
    Sempre procurei a traducao destas lindas e tocantes palavras em latim.Hoje eu encontrei.

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    1. Eu tambem procurei muitos anos,
      A parte mais tocante deste livro foi a fuga de rodolfo

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  5. Que bom que existem pessoas que gostam de ler. Senti um pouco de enfado no começo, mas queria ansiosamente ver o fim. Terminei hoje. Pobre Emma e pobre Charles, infelizes vagando nessa imensidão da vida!

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  6. Terminei o livro hoje. Superou minhas expectativas. É muito interessante que no desenrolar do enredo, as sutilezas dos acontecimentos faz gerar no leitor um pressentimento de algo de muito ruim está por vir. Difícil foi parar de ler, e agora ficou um certo vazio no término...

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