Fala aos Inconfidentes Mortos
Treva da noite,
lanosa capa
nos ombros curvos
dos altos montes
aglomerados...
Agora, tudo
jaz em silêncio:
amor, inveja,
ódio, inocência,
no imenso tempo
se estão lavando...
Grosso cascalho
da humana vida...
Negros orgulhos,
ingênua audácia,
e fingimentos
e covardias
(e covardias!)
vão dando voltas
no imenso tempo
- a água implacável
do tempo imenso,
rodando soltos,
com sua rude
miséria exposta...
Parada noite,
suspensa em bruma:
não, não se avistam
os fundos leitos...
Mas, no horizonte
do que é memória
da eternidade,
referve o embate
de antigas horas,
de antigos fatos,
de homens antigos.
E aqui ficamos
todos contritos,
a ouvir na névoa
o desconforme,
submerso curso
dessa torrente
do purgatório...
Quais os que tombam,
em crime exaustos,
quais os que sobem,
purificados?
Cecília Meireles.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
"Ó meio-dia confuso, ó vinte-e-um de abril sinistro..."
Era pra eu ter postado isso aqui ontem, mas acabei esquecendo! Este é o último poema do Romanceiro da Inconfidência, e um dos mais interessantes. Não poderia deixar de colocar algo sobre o meu corpus aqui, hehehe (gurias, já escrevi 6 páginas e meia do meu artigo, viva!)
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Sabe que com o aniversário de Brasília, eu sempre me esqueço do 21 de abril como feriado nacional!rs
ResponderExcluirCecília maravilhosa!!! ^^ e corajosa!
Mel, quero ler seu artigo! Posso??? ^^
Beijo!!!
adorei!
ResponderExcluirDeixa eu melhorá-lo um pouquinho que você lê... haha
ResponderExcluirMuito bom! Cecília rules mesmo!
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