quinta-feira, 1 de julho de 2010

Clarice, por ela mesma.

Olá, minhas queridíssimas amigas literatas!

Tendo em vista que estamos nos deliciando com Clarice neste sopro de vida que ela nos dá, resolvi institucionalizar este mês que se inicia como a data clariciana. Vamos nos embeber de Clarice até nos embriagar de suas palavras e conhecê-la - em suas linhas, sua vida, sua poesia prosaica. Fazer dela nosso deleite diário, enfim.
Então, neste dia primeiro, trago para vocês um pouco de Clarice por ela mesma, num trechinho retirado do site oficial da nossa querida escritora, onde ela fala da descoberta do amor.
Que os dias sejam cada vez mais claricianos!




“[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. [...] Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez. Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amor. [...] Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é por pudor apenas feminino.Pois juro que a vida é bonita.”
(Clarice Lispector)

4 comentários:

  1. Meninas, sei que a letra ficou pequenininha, mas é porque deu um probleminha aqui. Quando eu chegar em casa, arrumo :)

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  2. Maravilha, Dani! :)
    Como a Mel disse, teremos doses homeopáticas de Clarice... Vão nos fazer muito bem!

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  3. acabei de ler "Um sopro de vida" e comecei hoje "A paixão segundo G.H". PIREI!Nao conseguia mais estudar critica literaria, só queria Clarice!!Viciante!

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  4. bastante selvageria e muita timidez! Nossa, muito bom!

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