quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sílvia de Érico


"Entardecer no Angico. Estou parada, sozinha, na frente da casa da estância, olhando para o poente. O sol parece uma grande laranja temporã, cujo sumo escorre pelas faces da tarde. O ar cheira a guaco queimado. Um silêncio de paina crepuscular envolve todas as coisas. A terra parece anestesiada. Raras estrelas começam a apontar no firmamento, mais adivinhadas do que propriamente visíveis. Sinto um langor de corpo e espírito. Decerto é a tardinha que mecontagia com sua doce febere. Tenho a impressão de estar suspensa no ar. E de que alguma coisa vai acontecer. Cerro os olhos e fico esperando o recado de Deus"

Érico Veríssimo, Do diário de Sílvia.

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