segunda-feira, 13 de setembro de 2010

É a guerra.

Nessa mesma noite, enquanto se escutavam as descargas do pelotão de fuzilamento, Arcadio foi nomeado chefe civil e militar da praça. Os rebeldes casados mal tiveram tempo de se despedir das esposas, que abandonaram aos seus próprios recursos. Foram embora ao amanhecer, aclamados pela população liberada do terror, para se unir às forças do general revolucionário Victorio Medina, que, segundo as últimas notícias, andava pelo rumo de Manaure. Antes de ir embora, Aureliano tirou o Sr. Apolinar Moscote de um armário. "O senho fique tranquilo, meu sogro", disse a ele. "O novo governo garante, sob palavra de honra, a sua segurança pessoal e a da sua família". O Sr. Apolinar Moscote teve dificuldade de identificar aquele conspirador de botas altas e fuzil pendurado no ombro com quem tinha jogado dominó às nove da noite.
- Isto é um disparate, Aurelito - exclamou.
- Disparate nenhum. - disse Aureliano - É a guerra. E não torne a me chamar de Aurelito, porque já sou o Coronel Aureliano Buendía.
Trecho de Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez.

4 comentários:

  1. Adoro livros e filmes sobre guerras. Estou lendo agora a continuação de "A Casa das sete mulheres", se chama "Um Farol no Pampa",é da Lu!Maravilhoso tb!!

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  3. Também adoro livros em que a História se mescla com a narrativa. Vcs já leram A montanha gelada de Charles Frazier? é também muito bom!
    Interessante aqui é que em questão de guerras, realmente as pessoas tomam posições não por vontade real, mas por necessidade. Talvez, não haja mais coronel, então Aureliano torna-se um. Também pode-se dizer que é um soldado valoroso cuja coragem e destreza na hora da luta o indicaram para uma posição mais alta e por isso deixa transparecer sua posição de liderança.

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  4. Finalmente, começei a ler! To no começinho ainda, mas to adorando! O jeito como escreve GG Márquez é incrível, não me lembro de ter lido nada igual. To achando o máximo! Alguns trechos chamam muito a atenção. Esse trecho, por exemplo, quando ele vai descrever as sereias: "onde havia cetáceos de pele delicada com cabeça e torso de mulher, que faziam os navegantes se perderem com o feitiço de suas tetas descomunais".

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