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Quanto à moça, ela vive num limbo impessoal, sem alcançar o pior nem o melhor. Ela somente vive, inspirando e expirando, inspirando e expirando. Na verdade - para que mais que isso? O seu viver é ralo. Sim. Mas por que estou me sentindo culpado? E procurando aliviar-me do peso de nada ter feito de concreto em benefício da moça? Moça essa - e vejo que já estou quase na história - moça essa que dormia de combinação de brim com manchas bastante suspeitas de sangue pálido. Para adormecer nas frígidas noites de inverno, enroscava-se em si mesma, recebendo-se e dando-se o próprio parco calor. Dormia de boca aberta por causa do nariz entupido, dormia exausta, dormia até o nunca.
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Trecho de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. .
*Imagem: Cena do filme A Hora da Estrela.
Ontem mesmo eu e a Van estávamos falando do quanto esse livro é incrível. É cada trecho mais forte que o outro. Olha isso: "recebendo-se e dando-se o próprio parco calor". E ainda em um "viver ralo"... Muito triste!
ResponderExcluirEsse livro é mesmo incrível... Estou relendo agora, e como me toca! Alguns trechos me fazem parar por alguns segundos para pensar!
ResponderExcluirTa na hora desse livro rolar no Clube : )
ResponderExcluirLindo mesmo! e ao mesmo tempo triste...
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