"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo. Todos os anos, pelo mês de março, uma família de ciganos esfarrapados plantava a sua tenda perto da aldeia e, com um grande alvoroço de apitos e tambores, dava a conhecer os novos inventos.
Primeiro trouxeram o ímã. Um cigano corpulento, de barba rude e mãos de pardal*, que se apresentou com o nome de Melquíades, fez uma truculenta demonstração pública daquilo que ele mesmo chamava de a oitava maravilha dos sábios alquimistas da Macedônia. Foi de casa em casa arrastando dois lingotes metálicos, e todo o mundo se espantou ao ver que os caldeirões, os tachos, as tenazes e os fogareiros caíam do lugar, e as madeiras estalavam com o desespero dos pregos e dos parafusos tentando se desencravar, e até os objetos perdidos há muito tempo apareciam onde mais tinham sido procurados, e se arrastavam em debandada turbulenta atrás dos ferros mágicos de Melquíades. "As coisas têm vida própria", apregoava o cigano com áspero sotaque, "tudo é questão de despertar a sua alma."
Primeiro trouxeram o ímã. Um cigano corpulento, de barba rude e mãos de pardal*, que se apresentou com o nome de Melquíades, fez uma truculenta demonstração pública daquilo que ele mesmo chamava de a oitava maravilha dos sábios alquimistas da Macedônia. Foi de casa em casa arrastando dois lingotes metálicos, e todo o mundo se espantou ao ver que os caldeirões, os tachos, as tenazes e os fogareiros caíam do lugar, e as madeiras estalavam com o desespero dos pregos e dos parafusos tentando se desencravar, e até os objetos perdidos há muito tempo apareciam onde mais tinham sido procurados, e se arrastavam em debandada turbulenta atrás dos ferros mágicos de Melquíades. "As coisas têm vida própria", apregoava o cigano com áspero sotaque, "tudo é questão de despertar a sua alma."
Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez
Já to super empolgada! Vou tentar comprar o livro ainda essa semana! Esse clube do livro me dá taaantaa alegria! :D
ResponderExcluirAcho que deveriam ler em espanhol... [olha só a intrometida!]
ResponderExcluirHahahahaha! Bem que eu gostaria, Pat, mas meu nível de espanhol é o básico do básico.
ResponderExcluirvou comprar hoje!!mas tb nao sei ler em espanhol : (
ResponderExcluirFinalmente consegui comentar!
ResponderExcluirTambém queria ler em espanhol, alguém se habilita a me dar um livro no original? ahiahia
Eu já comprei em português, mas lerei o original um dia, é um grande desafio!
Eu já estou amando esse livro. Grande escolha, Mel!
Nooossa, realmente... ler o original não deve ter comparação, mas nosso portunhol ainda não chegou nesse nível! auahiauhaiuah ^^
ResponderExcluirAhhh, é um parto me despedir de Clarice! hahaha
Gurias, comprei uma edição linda do Cem anos de solidão ontem!!Ta 39 reais na cultura!!Beijos
ResponderExcluir