quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Angico



"Enquanto a velha permaneceu à janela, Floriano e eu ficamos calados, quase contentendo a respiração, como duas crianças que não querem ser descobertas pelo dono do pomar onde foram roubar frutas. Depois que a Dinda desapareceu, murmurei : ´Falta um Cambará na tua história.`F. sorriu:` Ah!Esse é o forasteiro. O homem sem passaporte. Sente que amar, compreender e contar com o apoio dessa mulher é algo de essencial para a manutenção de sua identidade e para a sua salvação como artista e como homem. Não sabe ao certo se a ama nem se é amado por ela. Só tem uma certeza que ao mesmo tempo o anima e pertuba: a necessidade desse amor`.
Parti um pêssego pelo meio e dei uma das metadas a F. Pusemo-nos a comer. Era uma comunhão. Um ato de puro amor."

Do diário de Sílvia, Érico Veríssimo

4 comentários:

  1. Eu preciso ler esse livro!
    Acho que temos que por mais Veríssimo na nossas vidas!

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  2. Que lindo esse trecho!
    " Não sabe ao certo se a ama nem se é amado por ela. Só tem uma certeza que ao mesmo tempo o anima e pertuba: a necessidade desse amor`."
    Adorei!

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  3. Eu AMEI esse trecho que a Van destacou! Esse livro é mesmo muito bom :)

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  4. Eu ia citar o mesmo trecho que as meninas destacaram! Pq é isso que a gente vive sempre, mesmo sem perceber, mesmo se enganando e fingindo conhecer os sentimentos próprios e dos outros...

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