quarta-feira, 19 de maio de 2010

A fome e o amor

A um monstro

Fome! E, na ânsia voraz que, ávida, aumenta,
Receando outras mandíbulas a esbangem,
Os dentes antropófagos que rangem,
Antes da refeição sanguinolenta!

Amor! E a satiríasis sedenta,
Rugindo, enquanto as almas se confrangem,
Todas as danações sexuais que abrangem
A apolínica besta famulenta!

Ambos assim, tragando a ambiência vasta,
No desembestamento que os arrasta,
Superexcitadíssimos, os dois

Representam, no ardor dos seus assomos
A alegoria do que outrora fomos
E a imagem bronca do que inda hoje sois!

Augusto dos Anjos.

3 comentários:

  1. Antropofagia! Adoro Augusto dos Anjos!

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  2. Também gosto muitoo de Augusto dos Anjos. Descobri ele com "Psicologia de um vencido". Muito bom!

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  3. Gosto muito daquele "Versos íntimos"...
    ESCARRA NESSA BOCA QUE TE BEIJA!

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