quarta-feira, 5 de maio de 2010

Entre o ser e as coisas


Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.

Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.

N´água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.

Carlos Drummond de Andrade.

3 comentários:

  1. Lindo! Os poemas do Drummond são sempre uma ótima leitura! Leve e agradável! =*

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  2. adorei a parte " e a tudo me arremesso"

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  3. "tornam amor humor, e vago e brando
    o que é de natureza corrosiva"

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