quarta-feira, 27 de julho de 2011

Decifrando o caráter

[...] - Lembro-me de já tê-lo ouvido dizer, Sr. Darcy, que dificilmente perdoa, e que seu ressentimento, uma vez despertado, jamais se aplaca. O senhor é muito cuidadoso, suponho, para que ele não seja despertado.
- Sim, sou - disse ele, com voz firme.
- E nunca se deixa influenciar pelo preconceito?
- Espero que não.
- É particularmente importante, para aqueles que nunca mudam de opinião, ter a certeza de julgar com justiça desde o início.
- Posso indagar a finalidade dessas perguntas?
- Apenas compreender seu caráter - disse ela, procurando dissipar seu ar de gravidade. - Estou tentanto decifrá-lo.
- E como está se saindo?
Ela sacudiu a cabeça.
- Não estou fazendo progresso algum. Ouço tantas informações contraditórias a seu respeito que fico confusa.
- Posso acreditar que as informações a meu respeito variem bastante - respondeu ele, com gravidade. - Desejaria, Srta. Bennet, que não tentasse definir meu caráter neste momento, pois tenho razões para acreditar que o resultado não seria muito lisonjeiro.
- Mas, se não o fizer agora, pode ser que jamais encontre outra oportunidade.
- Eu jamais a privaria desse prazer - disse ele, friamente.
Ela não disse mais nada. Terminaram a segunda dança e se separaram em silêncio; ambos contrariados, embora em graus diferentes, pois havia em Darcy um sentimento muito forte em relação a Elizabeth, que o levou imediatamente a perdoá-la e a dirigir seu mau humor contra outra pessoa.

Orgulho e preconceito, Jane Austen.

2 comentários:

  1. To bem na parte final que o Darcy e o Bingley vão pra casa dos Bennet!!!Quero todo mundo casando!!!

    ResponderExcluir