quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Me lançar


"Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar"

Milton Nascimento

5 comentários:

  1. Letra muito bonita! Me lembrou aquele poema da Cecília "a vida só é possível reinventada".

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  2. Muito sensível, e como pelo jeito, vc gosta de Milton, essa letra também é fabulosa!!!
    GUARDANAPOS DE PAPEL
    (interpretado por ele)


    Na minha cidade tem poetas, poetas
    Que chegam sem tambores nem trombetas
    Trombetas e sempre aparecem quando
    Menos aguardados, guardados, guardados
    Entre livros e sapatos, em baús empoeirados
    Saem de recônditos lugares, nos ares, nos ares
    Onde vivem com seus pares, seus pares
    Seus pares e convivem com fantasmas
    Multicores de cores, de cores
    Que te pintam as olheiras
    E te pedem que não chores
    Suas ilusões são repartidas, partidas
    Partidas entre mortos e feridas, feridas
    Feridas mas resistem com palavras
    Confundidas, fundidas, fundidas
    Ao seu triste passo lento
    Pelas ruas e avenidas
    Não desejam glorias nem medalhas, medalhas
    Medalhas, se contentam
    Com migalhas, migalhas, migalhas
    De canções e brincadeiras com seus
    Versos dispersos, dispersos
    Obcecados pela busca de tesouros submersos
    Fazem quatrocentos mil projetos
    Projetos, projetos, que jamais são
    Alcançados, cansados, cansados nada disso
    Importa enquanto eles escrevem, escrevem
    Escrevem o que sabem que não sabem
    E o que dizem que não devem
    Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas
    Como se fossem cometas, cometas, cometas
    Num estranho céu de estrelas idiotas
    E outras e outras
    Cujo brilho sem barulho
    Veste suas caudas tortas
    Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas
    Esvaindo-se em milhares, milhares, milhares
    De palavras retrocedendo-se confusas, confusas
    Confusas, em delgados guardanapos
    Feito moscas inconclusas
    Andam pelas ruas escrevendo e vendo e vendo
    Que eles vêem nos vão dizendo, dizendo
    E sendo eles poetas de verdade
    Enquanto espiam e piram e piram
    Não se cansam de falar
    Do que eles juram que não viram
    Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas
    Como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas
    Lançadas ao espaço e ao mundo inteiro
    Inteiro, inteiro, fossem vendo pra
    Depois voltar pro Rio de Janeiro

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  3. Verdade, Cid! Essa letra e a canção toda é maravilhosa! Milton Nascimento é espetacular!

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