quarta-feira, 9 de março de 2011

O mundo é todo encantado


“Onde eu estava ali era um quieto. O ameno âmbito, lugar entre-as-guerras e invasto territorinho, fundo de chácara. Várias árvores. A manhã se-a-si bela: alvoradas aves. O ar andava, terso, fresco. O céu – uma blusa. Uma árvore disse quantas flores, outra respondeu dois pássaros. Esses, limpos. Tão lindos, meigos, quê? Sozinhos adeuses. E eram o amor em sua forma aérea. Juntos voaram, às alamedas frutíferas, voam com uniões e discrepâncias. Indo que mais iam, voltavam. O mundo é todo encantado. Instante estive lá, por um evo, atento apenas ao auspício. "

Trecho de Uns Inhos Engenheiros, In: "Ave, Palavra", de Guimarães Rosa

3 comentários:

  1. "E eram o amor em sua forma aérea."
    Acho que há pouquíssimos autores que conseguiram escrever assim, de forma tão fascinante, como Guimarães Rosa escrevia!

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  2. Van, você não imagina como me emocionei lendo esse trecho. Acabei de chegar de uma viagem onde estive curtindo a natureza e a sensação de renovação e de "encantado" que ela traz.

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  3. Guimarães Rosa fez a descrição de um momento de forma singular. "Tão lindos, meigos, quê? Sozinhos adeuses. E eram o amor em sua forma aérea. Juntos voaram, às alamedas frutíferas, voam com uniões e discrepâncias. Indo que mais iam, voltavam. O mundo é todo encantado." Simplesmente magnífico.

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