sábado, 10 de março de 2012

O perigo da história única











Brilhante relato da escritora nigeriana Chimamanda Adichie sobre "o perigo da história única".

"Eu acho que essa história única sobre a África vem da literatura ocidental. Aqui temos uma citação de um mercador londrino chamado John Locke, que navegou até o oeste da África em 1561 e manteve um fascinante relato de sua viagem. Após referir-se aos negros africanos como 'bestas que não têm casas', ele escreve: 'Eles também são pessoas sem cabeças, que têm sua boca e seus olhos no peito.' Eu rio toda vez que leio isso, e deve-se admirar a imaginação de John Locke. Mas o que é importante sobre sua escrita é que ela representa o início de uma tradição de contar histórias africanas no Ocidente. Uma tradição de representar a África subsaariana como um lugar negativo, de diferenças, de escuridão, de pessoas que, nas palavras do maravilhoso poeta Rudyard Kipling, são 'metade demônio, metade criança'. [...] Então, é assim que se cria uma história única: mostre um povo como uma coisa, como uma única coisa apenas, repetidamente, e será isso que ele se tornará."

2 comentários:

  1. Nosso povo também tornou-se caricatura, não sei bem até que ponto a literatura contribuiu para este feito, mas creio que a impressão que deixaram nos livros foi essencial para a imagem que fizeram de nosso país em seu período colonial e que, para muitos, ainda perdura!

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  2. A literatura é um meio importante para ter uma visão mais ampla, sem tantos preconceitos.

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