quinta-feira, 31 de março de 2011

Olhos fechados


3 de abril de 1977, domingo

Não sei. Mas, neste momento, sei tudo o que não sei sem saber nomear. Olho, de olhos fechados, e sem memória; entrei numa comunicação deslumbrante e sem destino, revela-se-me uma tão profunda acuidade de lembrança, que em todo o lado estive
com toda a equidade.
Estive e estarei
sem viver o presente,
que é apenas miragem
e ilusão do tempo.
Minha emoção de cólera
se desfez em lágrimas
e ruga da boca.
Tua humildade me levanta,
e escolhe
entre tambores
e clamores de guerra,
nossas plantas também quotidianas.

Trecho de Um arco singular, Livro de horas II, de Maria Gabriela Llansol.

3 comentários:

  1. Ela vê a vida tão encantadoramente... a tradução dos sentimentos é muito natural e tocante! Eu estou amando!

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  2. Concordo com vocês, ela escreve de um modo encantador!

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