—
Não saia por aí a trabalhar, comadre, não abuse de suas forças, nem fique
aperreada. — Tratando-a de comadre para a apoiar e lhe demonstrar estima: —
Quero lhe ver forte e alegre.
—
Fique descansado, doutor, já não sinto nada, ou pensa que sou uma molenga? Já
passou tudo, pode crer.
Tocado
pela bravura de Tereza e no desejo de apressar-lhe a completa convalescença,
doutor Amarílio aconselhou a Emiliano, ao despedir-se na porta do jardim:
—
Quando o doutor for à Bahia, traga de lá uma dessas bonecas grandes que falam e
andam e ofereça à Tereza, será uma compensação.
—
Você acha, Amarílio, que uma boneca pode compensar um filho? Eu não creio. Vou
trazer um bocado de coisas, tudo de bonito que eu encontrar, mas boneca não.
Tereza meu caro, não é só bonita e jovem, é sensível e inteligente. Só é menina
na idade, nos sentimentos é mulher madura, vivida de caráter, vem de dar provas
disso. Não, meu amigo, se eu trouxesse uma boneca para Tereza, ela não haveria
de gostar. Se uma boneca pudesse substituir um filho, tudo no mundo seria
fácil.
—
Talvez o senhor tenha razão. Amanhã, volto para vê-la. Até, doutor.
Do
portão do jardim, Emiliano vê o médico dobrar a esquina, a maleta na mão. O que
ela perdeu, Amarílio, o que eu lhe tomei à força, usando um truque, colocando-a
entre a cruz e a caldeirinha, só se compensa com carinho, afeto, ternura e
amizade. Só com amor se paga.
Afeto,
carinho, ternura, amizade, regalos e dinheiro, com certeza, são moedas
correntes no trato das amásias. Mas amor, desde quando, Emiliano?”
TEREZA BATISTA
CANSADA DE GUERRA
JORGE AMADO
Lu, esse livro é tão bonito, mas tão bonito.... to amando cada página!!
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