“Para
agradá-lo, um dia, após o banho vespertino, Tereza tomou do vidro e se
encharcou com a água-de-colônia do amásio; assim veio encontrá-lo ao pé do
leito. Emiliano levantara-se para a acolher e ao sentir o perfume espalhado
sobre ela, riu o riso largo, capitoso:
— Que
fizeste, Tereza? Esse perfume é de homem.
— Vi o
senhor usar com tanto gosto, usei também, pensando. . .
Esguia
menina, corpo em formação, ancas insolentes, o doutor a volteou e a reteve de
costas contra si. Da ponta dos. Cabelos aos dedos dos pés, da rosa do xibiu ao
goivo do subilatório, o corpo inteiro de Tereza foi posse do doutor, chão de
sua lavra.
Com o
tempo, soube Tereza dos perfumes e da maneira de usá-los. Na hora da barba ela
mesma passava a água-de-colônia no rosto, no bigode, nos pelos brancos do peito
cabeludo do doutor. Gostava de aspirar o perfume seco, agreste, de homem. Vez
por outra, ele, tomando o frasco da mão da amiga, punha-lhe uma gota no colo e
a volteava, sentindo-lhe a palpitação das ancas. Cada gesto, cada palavra, cada
olhar, cada aroma tinha um valor próprio.”
TEREZA BATISTA
CANSADA DE GUERRA
JORGE AMADO
Nenhum comentário:
Postar um comentário