"E, sem ânimo de ir embora, permanecia encostado à porta do n.º 8, deixando-se comer aos bocadinhos pela febre do seu desejo; ao passo que o corpo inteiro lhe arfava com o resfolegar aflitivo dos pulmões. — todavia, pensou ele — quantas mulheres não o desejariam ter junto de si naquele momento?... Donzelas até, quantas, naquele instante, não se estorceriam no leito e não morderiam os travesseiros, desvairadas pelo isolamento? E saborosas lembranças de amores extintos, que o tempo e a ausência tornavam mais perfeitos e mais desejáveis, acudiam-lhe simultaneamente ao espírito, para lhe aumentar as torturas da carne. As suas amantes do passado eram agora ainda mais atraentes e formosas; em todas elas não havia um lábio sem sorriso, um olhar sem fogo, era tudo opulento de graça e de meiguice, era tudo encantador e completo. Pôs-se a arranhar devagarinho a porta, dizendo quase em segredo o nome de Lúcia. Nada, porém, respondia."
Casa de Pensão. Aluísio Azevedo.
Cara, eu adoro Casa de Pensão! Visceral!
ResponderExcluir*ou "desentranhador" como diria nosso companheiro de tempos [semestres] idos, Davi Arrigucci. aiuahiauhaiuah
ResponderExcluir"lembranças de amores extintos, que o tempo e a ausência tornavam mais perfeitos"
ResponderExcluirmaravilhoso!!
Nossa, muito bem colocado o divagar da "febre do seu desejo" por Aluísio Azevedo!
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