Imagem: Hugo Enio Braz. Extraída de: hugoeniobraz.blogspot.com.
"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."
Graciliano Ramos
Perfeito! Assim como o que fazem as lavadeiras, literatura também é trabalho. E dos brabos!
ResponderExcluirNão adianta falar bonito: tem que dizer alguma coisa!
ResponderExcluirSou meio contrariada com comparações entre o fazer literário e os trabalhos braçais brutos, embrutecedores e desgastantes fisicamente. A literatura, pra mim, é fruto do ócio... e se alguém encontra-se no ócio é porque alguém está se desgastando por ele. Enfim... hahahaha sem contenda!
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