"E o tempo passava ... À noite Ana dormia mal, pensava muito e temia mais ainda. Procurava convencer-se a si mesma de que podia viver sem Pedro, continuar como era antigamente. Achava que tudo tinha acontecido só por causa do calor e da sua solidão. Mas se por um lado ela queria levar os pensamentos para essa direção, por outro seu corpo ia sempre que possível para Pedro, com quem continuava a encontrar-se à hora da sesta no mato da sanga. Ficava com ele por uns instantes, com o coração a bater descompassado. Falavam muito pouco e o que diziam não tinha a ver com o que faziam e sentiam. Eram momentos rápidos, excitantes e cheios de susto. E no dia em que pela primeira vez ela sentiu em toda a plenitude o prazer do amor, foi como se um terremoto tivesse sacudido o mundo. Voltou para a casa meio no ar, feliz, como quem acaba de descobrir uma salamanca - ansiosa por ruminar a sós aquele gozo estonteantemente agudo que a fizera gritar quase tão alto como os quero-queros."
O Continente, Érico Veríssimo.
Que trecho maravilhoso, Gabi! O Érico escrevia como ninguém, não é? A forma como ele descreve os sentimentos da mulher é incrível! Eu adorei a leitura de Do Diário de Sílvia e quero muito ler essa série completa.
ResponderExcluirGente, que erótico! Adorei!
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