Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco Nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
Um dia um tufão furibundo abateu-os pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bondes, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas privou a cidade de
[iluminação e energia:
- Era belo, áspero, intratável.
Manuel Bandeira
Mel, ontem mesmo li um artigo sobre Manuel Bandeira, falando do trabalho dele como tradutor, especialmente em poesia!!Você vai amar, vou te mostrar!
ResponderExcluirEbaa, quero ver! Além de poeta, o Bandeira foi muito bom em mais um monte de coisa! A Ana Laura leu um pedaço desse poema no discurso dela na minha colação de grau. Emocionante!!
ResponderExcluirQue lindo! Acho que nunca tinham postado nada do Manuel Bandeira aqui. Lindo poema mesmo!
ResponderExcluirNão conhecia esse poema... adorei.
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