Tristeza do império
Os conselheiros angustiados
ante o colo ebúrneo
das donzelas opulentas
que ao piano abemolavam
“Su-bo a cam-pi-na se-re-na
pa-ra li-vre sus-pi-rar”,
esqueciam a guerra do Paraguai,
o enfado bolorento de São Cristóvão,
a dor cada vez mais forte dos negros,
e sorvendo mecânicos
uma pitada de rapé,
sonhavam a futura libertação dos instintos
e ninhos de amor a serem instalados nos arranha-céus de Copacabana, com
[rádio e telefone automático.
Carlos Drummond de Andrade
In: Sentimento do mundo
Esse poema dá um tapa na cara mostrando o egoísmo e a futilidade da burguesia (da qual inevitavelmente fazemos parte).
ResponderExcluirDrummond sempre com uma visão crítica e sensível!
ResponderExcluirModerno e ríspido! Quantos DrummondS existiram???
ResponderExcluirIntenso!
ResponderExcluir