"Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro… Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas as quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar”.
Dom Casmurro, Machado de Assis.
Dom Casmurro, Machado de Assis.
Ahhh, eu adoro esse trecho... mas, principalmente, gosto de como Machado fala dos olhos de Capitu!
ResponderExcluirJá estou alucinando na leitura de Dom Casmurro! Machadão é bom demais, não consigo parar de ler e tenho vontade de colocar todos os trechos do mundo aqui no blog. Essa parte é muito linda, já tinha separado ela pra colocar aqui.
ResponderExcluirGabi, que escolha linda! Amei muito, cada releitura de Machado é uma nova descoberta, estou muito feliz de estar tendo essa oportunidade de novo, e com vcs!
Lembrei que presenteei a Lu com a série Capitu no Amiga-Culta do ano passado! Que saudade dela!
ResponderExcluirSaudade mesmo!
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