segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Dia D
"Ainda que mal
Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano: amor."
Carlos Drummond de Andrade
Lembrança
Diversas dores...
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Palavras têm canto e plumagem
A novidade
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Desconfio
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Geni e o Zepelim
a vida não se perdeu
Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
O milmaravilhoso
Compaixão
Ou mesmo um gesto de ajuda
O que pensar da vida
E daqueles que sabemos que amamos ?
Quem pensa por si mesmo é livre
E ser livre é coisa muito séria
Não se pode fechar os olhos
Não se pode olhar pra trás
Sem se aprender alguma coisa pro futuro
Corri pro esconderijo
Olhei pela janela
O sol é um só
Mas quem sabe são duas manhãs
Não precisa vir
Se não for pra ficar
Pelo menos uma noite
E três semanas
Nada é fácil
Nada é certo
Não façamos do amor
Algo desonesto
Quero ser prudente
E sempre ser correto
Quero ser constante
E sempre tentar ser sincero
E queremos fugir
Mas ficamos sempre sem saber
Seu olhar
Não conta mais histórias
Não brota o fruto e nem a flor
E nem o céu é belo e prateado
E o que eu era eu não sou mais
E não tenho nada pra lembrar
Triste coisa é querer bem
A quem não sabe perdoar
Acho que sempre lhe amarei
Só que não lhe quero mais
Não é desejo, nem é saudade
Sinceramente, nem é verdade
Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender
Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Agudo
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
O poeta não cita: canta.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
...súbitos e recônditos...
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
As coisas
...saudade abandonada...
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Saber-se desperta
Quis sentar-se num banco do jardim, porque na verdade não sentia chuva e não se importava com o frio. Só mesmo um pouco de medo, porque ainda não resolvera o caminho a tomar. O banco seria um ponto de repouso. Mas os transeuntes olhavam-na com estranheza e ela prosseguia na marcha.
Estava cansada. Pensava sempre:"Mas que é que vai acontecer agora?"Se ficasse andando. Não era solução. Voltar para casa?Não. Receava que alguma força a empurrasse para o ponto de partida. Tonta como estava, fechou os olhos e imaginou um grande turbilhão saindo do "Lar Elvira", aspirando-a violentamente e recolocando-a junto da janela, o livro na mão, recompondo a cena diária. Assustou-se. Esperou um momento em que ninguém passava para dizer com toda a força:"Você não voltará."Apaziguou-se.
Agora que decidira ir embora tudo renascia. Se não estivesse tão confusa, gostaria infinitamente do que pensara ao cabo de duas horas:"Bem, as coisas ainda existem." Sim, simplesmente extraordinária a descoberta. Há doze anos era casada e três horas de liberdade restituiam-na quase inteira a si mesna: - a primeira coisa a fazer era ver se as coisas ainda existiam.Se representasse num palco essa mesma tragédia, se apalparia, beliscaria para saber-se desperta. O que tinha menos vontade de fazer, porém, era de representar. Não havia, porém, somente alegria e alívio dentro dela. Também um pouco de medo e doze anos.
Trecho de A fuga, Clarice Lispector.
O Caboclo d’Água
No lombo de pedra da cachoeira clara
as águas se ensaboam
antes de saltar.
dão pulos de prata, de ouro e de cobre,
querendo voltar, com medo do poço
da quarta volta do rio,
largo, tranqüilo, tão chato e brilhante,
deitado a meio bote
como uma boipeva branca.
Na água parada,
entre as moitas de sarãs e canaranas,
o puraquê tem pensamentos
de dois mil volts.
que despetalam placas vermelhas,
dois botos zarpam, resfolengando,
com quatro jorros,
a todo vapor.
soltam latidos , e vão fugindo,
estabanados, às rabanadas, espadanando,
porque do fundo
do grande remanso, onde ninguém acha o fundo,
vem um rugido , vem um gemido,
tão rouco e feio, que as ariranhas
pegam no choro, como meninos.
O canoeiro
que vem no remo, desprevenido,
ouve o gemido e fica a tremer.
É o caboclo d’água,
todo peludo, todo oleoso,
que vem subindo lá das profundas,
e a mão enorme,preta e palmada,
de garras longas,
pega o rebordo da canoinha
quase a virar.
E o canoeiro, de facão pronto,
fica parado, rezando baixo,
sempre a tremer
negra e medonha,
de um gorila de olhar humano,
o Caboclo d’água
ameaçador.
E o canoeiro já não tem medo,
porque o Caboclo o olhou de frente,
todo molhado,
com olhos tristonhos,rosto choroso,
quase falando,
quase perguntando
pela ingrata Iara,
que, já faz tempo, se foi embora,
que há tantos anos o abandonou...
terça-feira, 11 de outubro de 2011
somente com o tempo...
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa
A vida é mãe
A mística do abraço
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Dialética do divino
de vento em vento
"O tempo, de vento em vento, desmanchou o penteado arrumadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes, descabelou completamente a minha alma. Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, no somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura. A gente não precisa de certezas estáticas. A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar. De se tornar manhã novíssima depois de cada longa noite escura. De duvidar até acreditar com o coração isento das crenças alheias. A gente precisa é saber criar espaço, não importa o tamanho dos apertos. A gente precisa é de um olhar fresco, que não envelheceu, apesar de tudo o que já viu. É de um amor que não enruga, apesar das memórias todas na pele da alma. A gente precisa é deixar de ser sobreviventes para, finalmente, viver. A gente precisa mesmo é aprender a ser feliz a partir do único lugar onde a felicidade pode começar, floris, esparramas seus ramos, compartilhar seus frutos...”
(Ana Jácomo)
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Alguém
Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho, mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe que existe. Soube também que se tudo isso "fosse mesmo" o que eu sentia - e não possivelmente um equívoco de sentimento- que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo, e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.
E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos.
Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas era inútil. Pelo menos a contiguidade ligava-os. Os dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espantava-me que um rato tivesse sido meu contraponto. E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há sangue.Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admito e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim palavra espiritual não tem sentido, e nem palavra terrena tem sentido. Não era preciso ser jogadi na minha cara tão nua um rato. Não naquele instante. Bem poderia ter sido levado em conta o pavor que desde pequena me alucina e me persegue, os ratos já riram de mim, no passado do mundo os ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era assim? eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato?A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto. Andando com o coração fechado, minha decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada. Continuei andando, procurava esquecer. Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança poderia eu contra um Deus Todo-Poderoso, contra um Deus que até com um rato esmagado podia me esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na minha vontade de vingança nem ao menos eu podia encará-Lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais estava e que eu, olhando com raiva essa coisa, eu O visse? naquela janela? nas pedras do chão? Em mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu não O via mais.
Então a vingança dos fracos então me ocorreu: ah, é assim?pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de Alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar - não conte, só por carinho não conte, guarde para você mesma as vergonhas Dele - mas vou contar sim, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar Sua reputação.
... mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o mundo também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as imcompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a imcompreensão e transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também não queria o rato para mim. É porque só poder sei mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer da minha pior morte. Então, pois, que eu use o magnificant que entoa às cegas sobre o que não se sabe nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu, e talvez nem eu nem o raro sejamos para ser vistos por nós mesmos,a distância nos iguala. Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com um terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo maior de minha vida não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe."
Perdoando Deus, Clarice Lispector
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Os numerosos filhos alheios
A mesma simpatia com que tratava todo mundo.
Sentia o desejo insatisfeito fervendo-lhe nas entranhas, um fogo impossível de apagar, uma sede de Clara que nunca, nem mesmo nas noites mais fogosas e prolongadas, conseguia saciar. Dormia extenuado, com o coração a ponto de explodir dentro do peito, mas até em seus sonhos tinha consciência de que a mulher que repousava a seu lado não estava de fato ali, mas numa dimensão desconhecida que ele jamais conseguiria alcançar. Às vezes perdia a paciência e sacudia Clara, furioso, gritando-lhe os piores insultos, mas terminava chorando em seu colo e pedindo perdão por sua brutalidade. Clara compreendia, mas não podia aliviá-lo. O amor desmedido de Esteban Trueba por Clara foi sem dúvida o sentimento mais poderoso da sua vida, superando até a raiva e o orgulho, e, meio século depois, continuaria a invocá-lo com o mesmo estremecimento e a mesma urgência. Em seu leito de ancião ele a chamaria até o fim de seus dias.
Clara
A adolescência de Clara foi suave na grande casa de três pátios de seus pais, mimada pelos irmãos mais velhos, por Severo, que a preferia entre os filhos, por Nívea e pela Nana, que alternava suas sinistras excursões disfarçada de cuco com os cuidados mais ternos. Quase todos os irmãos tinham casado ou partido, alguns em viagem, outros para trabalhar no interior, e a grande casa, que abrigara uma família numerosa, estava quase vazia, com muitos quartos fechados. A menina ocupava o tempo que lhe deixavam os preceptores lendo, movendo os objetos mais variados sem tocá-los, flanando com Barrabás, praticando jogos de adivinhação e aprendendo a tecer, a única de todas as artes domésticas que conseguiu dominar. Desde aquela Quinta-Feira Santa em que o padre Restrepo a acusou de endemoninhada, pairava uma sombra sobre sua cabeça que o amor de seus pais e a discrição de seus irmãos conseguiram controlar; a fama de seus estranhos dotes, contudo, circulou a meia voz nas reuniões das senhoras. Nívea observou que ninguém convidava sua filha, e até seus próprios primos evitavam. Procurou compensar a falta de amigos com sua dedicação total e obteve tanto êxito, que Clara cresceu alegremente e nos anos seguintes recordaria sua infância como um período iluminado de sua existência, apesar de sua solidão e de seu mutismo. Durante a vida inteira guardaria na memória as tardes partilhadas com sua mãe na salinha de costura, onde, sentada à máquina, Nívea fazia roupa para os pobres e lhe contava histórias e casos familiares. Mostrava-lhe os daguerreótipos da parede e relatava o passado.
(...)
A relação com sua mãe era alegre e íntima, e Nívea, apesar de ter tido 15 filhos, tratava-a como se ela fosse a única, estabelecendo um vínculo tão forte, que se prolongou pelas gerações posteriores como uma tradição familiar.
Isabel Allende, A Casa dos Espíritos.
Descobrimento
Raiz
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Regras
Dom Casmurro, Machado de Assis.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
O pássaro cativo
Armas, num galho de árvore, o alçapão
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por esplêndida morada,
Gaiola dourada;
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos e tudo.
Por que é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo,
Arrepiado e triste sem cantar?
É que, criança, os pássaros não falam..
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:
"Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro.
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola,
De haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde construído
De folhas secas, plácido, escondido.
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pombas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade!
Não me roubes a minha liberdade...
Quero voar! Voar!"
Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar,
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição,
E a tua mão tremendo lhe abriria