"Quando tuas mãos saem,amada,
para as minhas,o que me trazem voando?
Por que se detiveramem minha boca, súbitas,
e por que as reconheço como se outrora então
as tivesse tocado,como se antes de ser
houvessem percorrido minha fronte e a cintura?
Sua maciez chegava voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,e sobre a primavera,
e quando colocaste tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas de paloma dourada,
reconheci essa argila e a cor suave do trigo.
A minha vida toda eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,cruzei os recifes,
os trens me transportaram,as águas me trouxeram,
e na pele das uvas achei que te tocava.
De repente a madeirame trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava suavidades secretas,
até que as tuas mãos envolveram meu peito
e ali como duas asas repousaram da viagem"
Tuas mãos, Pablo Neruda
Neruda sempre maravilhoso!
ResponderExcluirNossa, que poema INCRÍVEL! Super delicado, cheio de imagens belíssimas... Amei!
ResponderExcluirAchei de uma leveza incrível...
ResponderExcluirRealmente Pablo é muito singelo em seus poemas!
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