sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Na boca da noite

Toquinho



Cheguei na boca da noite,
Parti de madrugada
Eu não disse que ficava
Nem você perguntou nada

Na hora que eu ia indo,
Dormia tão descansada,
Respiração tão macia,
Morena, nem parecia
Que a fronha estava molhada
Vi um rosto na janela,
Parei na beira da estrada

Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada

Gente da nossa estampa
Não pede juras nem faz,
Ama e passa, e não demonstra
Sua guerra, sua paz

Quando o galo me chamou,
Eu parti sem olhar pra trás
Porque, morena, eu sabia,
Se olhasse, não conseguia
Sair dali nunca mais
Vi um rosto na janela,
Parei na beira da estrada

Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada
O vento vai pra onde quer

A água corre pro mar
Nuvem alta em mão de vento
É o jeito da água voltar
Morena, se acaso um dia
Tempestade te apanhar
Não foge da ventania,
Da chuva que rodopia,
Sou eu mesmo a te abraçar

Vi um rosto na janela,
Parei na beira da estrada
Cheguei na boca da noite,
Saí de madrugada

4 comentários:

  1. "A água corre pro mar
    Nuvem alta em mão de vento
    É o jeito da água voltar
    Morena, se acaso um dia
    Tempestade te apanhar
    Não foge da ventania,
    Da chuva que rodopia,
    Sou eu mesmo a te abraçar"
    Que lindo!

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