A quatro mãos escrevemos este roteiro
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Destino
A quatro mãos escrevemos este roteiro
Meu existir é vítima de uma fatalidade
Abandonando os confins brasileiros...
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Here, There and Everywhere
I need my love to be here...
Here, making each day of the year
Changing my life with a wave of her hand
Nobody can deny that there's something there
There, running my hands through her hair
Both of us thinking how good it can be
Someone is speaking but she doesn't know he's there
I want her everywhere
and if she's beside me I know I need never care.
But to love her is to need her
Everywhere, knowing that love is to share
each one believing that love never dies
watching her eyes and hoping I'm always there
Here, there and everywhere
(Trechos de Here, There and Everywhere - The Beatles)
Devagarinho
quarta-feira, 28 de abril de 2010
O mistério da poesia
A atitude assumida por nós diante do hermetismo depende da educação do gosto e da nossa compreensão do fenômeno artístico. Se atentarmos para o fato de que a obscuridade se torna, a mais das vezes, opaca e indevassável devido apenas à nossa falta de simpatia poética; se nos lembrarmos, sobretudo, que a seu tempo todos os grandes criadores de poesia (hoje considerados cristalinos) foram acusados de incompreensíveis – nos convenceremos que nós é que devemos chegar até a poesia, e não esperar que ela chegue até nós, como um refresco que nos trazem para bebermos sem esforço, comodamente sentados.
Em poesia, a incompreensão é devida em parte ao fato de não haver unidade nem sincronia no espírito do leitor. Nos nossos dias, a maioria dos leitores ainda tem a sensibilidade encalhada na fase parnasiana. (...) É uma fatalidade irremediável. Um tipo de poesia só penetra a média dos leitores quando já vai deixando de ser nova e cedendo lugar a um tipo mais adiantado. Circunstância que nos deve convidar à modéstia e, antes de renegar um poema (“futurista idiota!”), nos fazer lembrar de que as nossas avós acharam Bilac totalmente ilegível e não hesitaram em jogar fora qualquer livro de Alphonsus de Guimaraens. Habitualmente lemos para não fazer esforço e gostamos de encontrar o que já esperávamos. Daí a irritação que nos toma ao encontrarmos uma novidade atrevida no meio da nossa rotina. E daí a necessidade que têm os inovadores de acentuar, carregar as tintas e contundir com certa violência a inércia do nosso comodismo estético.
Extraído de "Notas de crítica literária - duas notas sobre poética", de Antonio Candido.
P.S.: um post bem "nerds" para gente relembrar as aulas da Ana Laura e do Hermenegildo :)
Janela
Entre um blues amargo e um poema de vanguarda...
terça-feira, 27 de abril de 2010
Era Ana
Trecho de Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Bem devagar
Sem correr
Bem devagar
A felicidade voltou para mim
Sem perceber
Sem suspeitar
O meu coração deixou você surgir
E como o despertar depois de um sonho mau
Eu vi o amor sorrindo em seu olhar
E a beleza da ternura de sentir você
Chegou sem correr
Bem devagar
Amor velho que se perde
Sai correndo para outro ninho
Amor novo que se ganha
Vem sem pressa, vem mansinho...
domingo, 25 de abril de 2010
O rio do meio
"Há um duelo permanente entre duas personalidades que habitam, talvez, todo mundo:uma, a convencional, que faz tudo direito; a outra, a estranha, agachada no porão da alma ou num sótão penumbroso, que é louca, assustadora; quer rasgar as tábuas da lei, transgredir, voar com as bruxas, romper com o cotidiano. E interfere naquela boazinha, que todos parecem conhecer tão bem"
O rio do meio, Lya Luft.
sábado, 24 de abril de 2010
Absurdamente feliz
Vamos incrementar nosso clube do livro?
Uma nesga de sol, uma cama bem aquecida e um poema dele...
sexta-feira, 23 de abril de 2010
And I found that love was more than just holdin' hands
'Cause I've been in love before
And I found that love was more
Than just holdin' hands
If I give my heart to you
I must be sure
From the very start
That you
Would love more than her
If I trust in you
Oh, please
Don't run and ride
(...)
'Cause I couldn't stand the pain
And I
Would be sad if our new love
Was in vain
So I hope you see
That I
Would love to love you
(...)
(Trechos da música If I Fell, The Beatles)
É minha!
(p. 98, Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar)
O capítulo 17 é sem dúvida o mais belo do livro.
Vozes inesquecíveis da Música Brasileira
quinta-feira, 22 de abril de 2010
"Ó meio-dia confuso, ó vinte-e-um de abril sinistro..."
Fala aos Inconfidentes Mortos
Treva da noite,
lanosa capa
nos ombros curvos
dos altos montes
aglomerados...
Agora, tudo
jaz em silêncio:
amor, inveja,
ódio, inocência,
no imenso tempo
se estão lavando...
Grosso cascalho
da humana vida...
Negros orgulhos,
ingênua audácia,
e fingimentos
e covardias
(e covardias!)
vão dando voltas
no imenso tempo
- a água implacável
do tempo imenso,
rodando soltos,
com sua rude
miséria exposta...
Parada noite,
suspensa em bruma:
não, não se avistam
os fundos leitos...
Mas, no horizonte
do que é memória
da eternidade,
referve o embate
de antigas horas,
de antigos fatos,
de homens antigos.
E aqui ficamos
todos contritos,
a ouvir na névoa
o desconforme,
submerso curso
dessa torrente
do purgatório...
Quais os que tombam,
em crime exaustos,
quais os que sobem,
purificados?
Cecília Meireles.
Oceano infinito
terça-feira, 20 de abril de 2010
Não: devagar.
"Espirituosidade insultuosa"
Achei o máximo a lista de insultos improváveis, para aumentar nosso repertório! E melhor ainda é a lista de palavras que parecem insultos, mas não são!
Aí vão alguns:
Apedeuta: ignorante
Ababelado: quem nunca termina o que começa
Acatruzo: chato
Cabrião: chato ao extremo
Esteatopígico: quem tem o traseiro grande
Plesbiofrênico: caduco, que inventa histórias
Janicéfalo: pessoa de duas caras
Súcubo: puxa-saco
Valdevino: oportunista
Parece, mas não é:
Zuruó: divertido
Enxacoco: quem não fala bem uma língua estrangeira
Catecúmeno: novato, funcionário sem experiência
Agora podemos criar frases cheias de pompa usando esses termos! Assim, podemos extravasar sem sermos percebidas! Reflitam: pode ser uma experiência libertadora!
Desmascarando George Clooney
O Verdadeiro George Clooney
(Luís Fernando Veríssimo)
Longe de mim querer difamar alguém, mas acho que no caso do George Clooney o que está em jogo é a autoestima da nossa espécie, os homens que não são George Clooney. Todas as nossas qualidades e todos os nossos atributos, físicos e intelectuais, desaparecem na comparação com o George Clooney. As mulheres não escondem sua adoração pelo George Clooney. O próprio George Clooney nada faz para diminuir a idolatria e nos dar uma chance. Fica cada vez mais adorável, cada vez mais George Clooney. E se aproxima da perfeição. É bonito. É charmoso. É rico. É bom ator. Faz bons filmes. Está envolvido com as melhores causas. E que dentes! Não temos defesa contra esse massacre. Só nos resta a calúnia.
É notório, em Hollywood, o mau hálito do George Clooney. Quando ele fala em algum evento público, as primeiras três fileiras do auditório sempre ficam vazias. Atrizes obrigadas a trabalhar com ele têm direito a um adicional por insalubridade, em dobro se houver cenas de beijo. Outra coisa: a asa. Não adiantam as imersões em espuma na sua banheira em forma de cisne, nem os perfumes florais borrifados, o cheiro persiste. Sabem que George Clooney e suas axilas se aproximam a metros de distância, e muita gente aproveita o aviso para fugir.
Além de tudo, tem seborreia e é republicano.
Passe adiante.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Meu amado amigo
Eles fizeram história...
domingo, 18 de abril de 2010
Tenho fases, como a lua
(Cecília Meireles)
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Terapia Toscana
Esta velha angústia
Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.
Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim...
Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano?
Está maluco.
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.
Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feiíssimo, era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer —
Júpiter, Jeová, a Humanidade —
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?
Estala, coração de vidro pintado!
Álvaro de Campos
quinta-feira, 15 de abril de 2010
O sétimo filho
Lavoura arcaica (1975),
Um copo de cólera (novela de 1978) e
Menina a caminho (conto de 1994).
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Blackbird, fly
All your life...
You were only waiting for this moment to arise.
Blackbird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
All your life...
You were only waiting for this moment to be free.
Blackbird, fly..."
(Trechos da música Blackbird, dos Beatles)
Gostaria de compartilhar com vocês, ocasionalmente, trechos de algumas composições da minha banda preferida! Assim, quem não costuma escutar Beatles, pode se interessar! A maioria das músicas é incrível! Recomendo de verdade!
Então, esse foi o post de estreia. De vez em quando, eu postarei aqui, entre outras coisas, trechos de músicas dos Fab Four !
Espero que todas gostem!
Abraços,
Minhas coisinhas pobres
Das utopias
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!
terça-feira, 13 de abril de 2010
Procurar bem
Bom dia com poesia
O impossível carinho
Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!
Manuel Bandeira